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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Simpatia

Acabo de sair do mercado. Peguei por último uma bandejinha de queijo prato, uma novinha, que tinha acabado de ser fatiada. Ela veio acompanhada de um sorriso meigo, alegre e de um olhar brilhante.

Eu ia pegar uma bandeja da pilha mais antiga, mas o rosto mais iluminado daquele corredor, em cima de um corpo vestido com jaleco todo branco, em cujo bolso estava bordado o logotipo do estabelecimento, me indicou que aquela outra leva (que apontou) acabara de ser preparada. 

Olhei de novo para o rosto moreno e agradeci, e a moça continuou trabalhando na arrumação dos queijos. E eu segui em direção ao caixa sorrindo, sorrindo por dentro. E terminei as compras feliz, muito mais feliz do que estava antes de receber a atenção da mocinha.

Qual a obrigação que ela tinha de me ajudar a comer um queijo mais saboroso? Não tinha essa obrigação. Muito menos a obrigação de estar irradiando alegria, de me olhar com simpatia, de perder cinco segundos comigo. Mas ela se preocupou, e eu saí do mercado mais alegre do que entrei. 

Tenho certeza de que a tal moça do queijo tem dias péssimos, tem TPM e deve fechar a cara poucas ou muitas vezes. Mas isso, mesmo, não importa. Ela foi capaz de, sem querer (disso também tenho certeza), fazer as últimas horas da minha sexta-feira mais suaves, e isso, por si só, tem muito valor.

A minha avó já dizia que "simpatia é quase amor". Eu discordo. Eu acho que simpatia é o próprio amor, uma das formas pelas quais ele se manifesta. 

Mocinha do queijo, você foi muito importante pra mim!




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