Eu ia pegar uma bandeja da pilha mais antiga, mas o rosto mais iluminado daquele corredor, em cima de um corpo vestido com jaleco todo branco, em cujo bolso estava bordado o logotipo do estabelecimento, me indicou que aquela outra leva (que apontou) acabara de ser preparada.
Olhei de novo para o rosto moreno e agradeci, e a moça continuou trabalhando na arrumação dos queijos. E eu segui em direção ao caixa sorrindo, sorrindo por dentro. E terminei as compras feliz, muito mais feliz do que estava antes de receber a atenção da mocinha.
Qual a obrigação que ela tinha de me ajudar a comer um queijo mais saboroso? Não tinha essa obrigação. Muito menos a obrigação de estar irradiando alegria, de me olhar com simpatia, de perder cinco segundos comigo. Mas ela se preocupou, e eu saí do mercado mais alegre do que entrei.
Tenho certeza de que a tal moça do queijo tem dias péssimos, tem TPM e deve fechar a cara poucas ou muitas vezes. Mas isso, mesmo, não importa. Ela foi capaz de, sem querer (disso também tenho certeza), fazer as últimas horas da minha sexta-feira mais suaves, e isso, por si só, tem muito valor.
A minha avó já dizia que "simpatia é quase amor". Eu discordo. Eu acho que simpatia é o próprio amor, uma das formas pelas quais ele se manifesta.
Mocinha do queijo, você foi muito importante pra mim!
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