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domingo, 25 de outubro de 2015

Papai Noel

"Como é que o Papai Noel sabe o que a gente quer de Natal, mamãe?" - me perguntou o meu filho agora à noite, antes de dormir. "Ele ouve tudo, filho", eu respondi. Hã?! Que tipo de resposta foi essa?! Será que correspondeu ao que ele queria ouvir?! Ele tem cinco anos.

Lembro da minha vez... Estávamos eu e minha mãe à mesa redonda de madeira do apartamento em que morei quando criança (a mesma em que meu pai fazia os carrinhos de banana, e que já mencionei em outro post), quando ela resolveu me responder com sinceridade que Papai Noel existia sim, para quem acreditava nele. Não me lembro se era o que eu queria ouvir... Mas de toda forma, aos oito anos, eu já sabia a resposta.

Nessa época, na minha infância, a maior parte dos acontecimentos importantes foram acontecimentos da nossa infância, minha e de uma prima, cinco dias mais nova, a minha prima-irmã (nos dois sentidos, de sangue e de coração). Fui eu quem estragou tudo... Fui eu que, na casa dos meus avós no interior (a mesma em que eu via o pôr do sol amarelo e ouvia as histórias na soleira, e que já mencionei em outro post) levantei a questão que ouvi hoje, agora, como que ressoando de 30 anos atrás. Estraguei sua fantasia, pois confabulamos e concluímos que a entrega dos presentes no trenó voador não poderia ser possível. E fui questionar um adulto, minha mãe, que não viu outra saída (muito boa, por sinal) senão dizer que o velhinho mora na nossa imaginação (pura verdade).

A vida é um ciclo, e a história de Papai Noel se repete. Não sei se será neste Natal, talvez no próximo, não importa. Vou precisar esclarecer sobre o velho para ele qualquer dia, para o mais novo também, assim como vai chegar o dia de  explicar sobre sexo, por exemplo. Cada coisa no seu tempo, como foi comigo.

Ouvi já há algum tempo (acho que quando estava grávida do meu primeiro filho) que eu teria chance de reviver minhas fases de vida na medida em que as fases de vida deles fossem chegando, e de fato isso acontece: vivo o agora com eles, mas revivo ao mesmo tempo a minha própria etapa correspondente de anos atrás (o primeiro dente que caiu, os relacionamentos na escola etc). Isso me ajuda muito a tentar melhorar, para eles, experiências que, para mim, não foram tão boas, ou repetir as que foram positivas (no caso do Papai Noel, acho que a resposta da minha mãe foi genial e já estou considerando copiar!!). Parece, no entanto, que nossos filhos estão vivendo certas fases do desenvolvimento mais cedo... Éramos crianças mais ingênuas na minha época, sinto como se tivéssemos sido crianças com mais infância... Não sei se é culpa da tecnologia, da forma de ensino nas escolas, mas fato é que aos cinco anos eu jamais teria feito a pergunta que meu menino me fez...

Mas pé no chão: o Natal está aí, propagandas a mil diante da crise econômica do País, não sei se o Papai Noel da minha imaginação sabe o que meus filhos querem de presente, mas eles sabem muito bem, e eu já fui informada. Hora de preparar o coração pra reviver meus Natais do passado, viver meu Natal do presente, preparar o bolso e já deixar uma resposta na ponta da língua! 

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