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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Carpe diem, com nossos filhos

Foi-se o tempo em que eu estava grávida, em que tentei amamentar, em que tive momentos de imensa insegurança. Ele chorava tanto, era difícil acalmá-lo. Eu não queria babá, nem enfermeira, achava que dava conta sozinha. 

No décimo dia de vida dele, eu estava exausta, tensa com o que ainda estava por vir, ele era bem inquieto, e eu precisava dormir. Buscamos então uma enfermeira, e achamos uma, a Zezita. Ela salvou minha vida. 

Depois foi o tempo em que ele comeu a primeira papinha (tão lindo), ficou gordinho, fez gracinhas, deu gargalhadas, engatinhou, andou.

Foi-se o tempo em que cancelamos sua festa de um ano pois eu, grávida do meu segundo filho, tive sangramento e precisei ficar de repouso. A festa seria de palhacinho... Meus pais e minha sogra tinham ido preparar toda a festa na nossa casa do interior, com antecedência. Tudo cancelado, mas cantamos parabéns pra ele numa reuniãozinha simples, em casa mesmo.

Foi também o tempo em que passei uma segunda gravidez trabalhando, uma gravidez mais tranquila do que a primeira, eu me estressava menos. 

Passou o tempo em que tive um bebê prematuro em casa, nascido com 35 semanas por rompimento da bolsa. Minha avó-segunda-mãe faleceu, a bolsa se rompeu cinco dias depois da morte dela, ou cinco semana antes da DPP (data provável do parto). 

Foi-se o tempo em que eu tive dois bebês em casa, dois para trocar fraldas. Foi-se o tempo em que um choro noturno poderia significar febre, e que eu já entrava no quartinho com o coração na mão (me tornei hoje uma pessoa de coração mais firme). Foi-se o tempo das cirurgias (amígdalas, adenoides, fimoses, todas da primeira infância, e refluxo urinário, hérnias, outras menos comuns).

Passou a fase de tirar chupeta, mamadeira, ensiná-los a comerem sozinhos. Passou o tempo de tirar fraldas. Passou o tempo de aprenderem a nadar.

Meus bebês cresceram. Estão na fase do medo de fantasma, de brincar de luta, de fazer bagunça, desmontar meu sofá da sala, nadar na piscina, fazer palhaçada. Estão fazendo descobertas. E eu descobrindo as pessoas que se tornarão, junto com eles.

Meu pequeno tinha medo de cinema até pouco tempo. Acho que era medo do escuro e do barulho, os dois ao mesmo tempo. Aos poucos, meu marido conseguiu, com jeitinho, fazê-lo entrar na sala, e ele já está no terceiro filme da telona (os pezinhos da foto são dele).

Nossos filhos crescem, e crescem depressa demais. Meu filho mais velho e meu afilhado, os dois com cinco anos, já escrevem seus nomes, e nomes de outras pessoas e, no ano que vem, certamente escreverão palavras inteiras, talvez sentenças. O meu filho mais novo também já escreve seu nome, já teve uma melhor-amiga-noiva na escola, já tem há tempo um melhor amigo. Hoje descobri que meu afilhado (de cinco anos) chora com cenas emocionantes no cinema -- pode existir coisa mais linda?!! 

Logo mais nossos meninos serão pré-adolescentes, depois adolescentes, depois moços. Meu filho mais novo terá uma falha na barba, na região do queixo: tomou seis pontos mês passado, quando caiu da cama. Será uma lembrança dos seus quatro anos, para mim, não para ele.

Parece que foi ontem que demos uma roupinha tirada do Felipe, quando ele ainda estava na maternidade, para minha cachorrinha cheirar, e já ir se acostumando com ele. Ela tem ciúme dele até hoje...

Parece que foi ontem que eu me casei já com um desejo enorme de ser mãe; eu sabia que essa seria minha maior realização. É muito amor, é um crescer junto, aprendizado constante, fortalecimento para a alma.

Um pouco da vidinha deles já passou (não na minha lembrança), e muito há por vir. Hoje, olhando para os pezinhos do meu Lucas ao meu lado, suas mãozinhas segurando o saco de balas, e não mais se agarrando a mim, me dei conta de que eles crescem, mesmo. Ele não tem mais medo de cinema. Até uns dias atrás ele não entrava.  Até uns dias atrás ele asistiu a um filme segurando na minha mão. Ele não precisa mais segurar.

Todas as fases das vidas deles passam, as boas e as ruins. O difícil passa, o lindo virá e passará, tudo num ciclo. Por isso, que nenhuma dessas etapas seja festejada em excesso, ou angustiante demais. As crianças mudam, as crianças crescem. Que consigamos aproveitar cada momento das suas vidinhas, parte das nossas próprias, o agora. Hoje foi o dia de olhar os pezinhos do meu pequeno e as lágrimas de emoção do meu afilhado. Valeu meu dia, já ficaram na minha lembrança.






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