Páginas

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Maternidade e viagem internacional

Eu sumi. Fui viajar para a Itália com meu marido e dois filhos, quatro e seis anos (o mais velho fez seis lá). Fomos levá-los para conhecer a neve, aprender a esquiar. Ninguém me falou do tamanho do perrengue...

Foi demais, os dois aprenderam a descer rapidinho, muito lindos, valeu a viagem. Eu também pude treinar mais um pouquinho; fazia tempo que eu tinha colocado uma bota de esqui nos pés; a última (e primeira) vez foi em 2005, quando moramos em NY. Também foi maravilhoso passar alguns dias grudados, nós quatro, família feliz. Estivemos ainda com amigos queridos, nota 1000, super astral, delícia.

Mas confesso que não imaginava que seria tão cansativo (fisicamente, pois para a mente foi espetacular -- pronta para enfrentar mais um ano de São Paulo). São luvas, gorros e casacos de quatro pessoas para administrar durante dias inteiros. Luvas comuns e luvas de esqui: total de oito pares. Gorros comuns e capacetes: total de oito. Roupas de baixo, roupas de cima. Botas comuns e botas de esqui: total de oito. Óculos comuns de duas pessoas e goggles de quatro: total de seis. Cachecol: desisti no meio da viagem, exceto o do Lucas, que insistiu em usar seu gorro de ninja:



o tempo todo. Fora os esquis em si na hora de ir até a estação, sendo que os meninos não conseguiam carregar os seus próprios.

Avião com criança: já tinha ido com eles para a Disney em maio de 2015, mas a viagem foi mais curta... Dessa vez, demoraram horas para dormir no vôo de ida (o mais velho estava agitadíssimo, só dormiu com Dramin, que resolvi dar no meio da viagem antes que ele acordasse todos os passageiros...). A volta consistiu em esperarmos 6 horas no aeroporto de Turim pelo vôo Turim - Madri (vôo curto, ok, de uma hora e meia), espera em Madri de duas horas e, por fim, retorno a São Paulo de dez horas. Até que eles foram bem, tadinhos, mas o vôo de dez horas fez doer meus joelhos por muitas horas após termos saído do avião (meu pequeno dormiu no meu colo, logo no início, ufa), mas minhas pernas sofreram...

Alimentação: saiu totalmente da rotina. Queriam comer fora de hora e, na hora de comer, não comiam direito. Nem nos deixavam comer direito. Meu mais velho adora fazer misturas (eca!) na mesa, Coca-Cola com sal, mostarda, etc etc, derruba talheres no chão, é um caos. A mesa fica um horror. Estou no processo (árduo) de educá-lo à mesa, mas, como todo processo de aprendizagem, exige paciência (minha e dele também...). Meu pequeno ficava exausto na hora do jantar, todos os dias.

Banho: meu marido ocupou-se dos banhos até o meio da viagem, mas deslocou o ombro direito e tive que assumir a tarefa. "Mamãe": a palavra que mais amo escutar, e escuto muito no meu dia-a-dia. Mas tive uma overdose. No fim, eu já respondia até ao chamado de outras crianças.

Apesar de tudo isso, balanço da viagem: faria tudo de novo! Para mim, tudo que envolve meus meninos e meu marido é sempre muito valioso. Mais uma história para a minha coleção de memórias. Quando fui começar meus três meses de estudo para o Bar Exam de NY (Equivalente à OAB brasileira),  percebi que, de tudo na vida, fica para a gente a lembrança daquilo que é bom; acabamos esquecendo a parte ruim, sofrida, da maioria dos acontecimentos na nossa vida. Foi pensando nisso que enfrentei três meses praticamente sem sair de um mini quarto de um miniapartamento no Upper West side, e passei no exame. E assim é, de verdade. Faz dois dias que cheguei da jornada no aeroporto de Turim, e, depois de registrar aqui a exaustão materna pela qual passei, sei que vou esquecer dessa parte desgastante, e sei que, nas minhas recordações, vão ficar apenas os flashes de momentos incríveis, do maior amor possível, lembranças de sorrisos e abraços, de união. Sei que, nas lembranças dos meus pequenos, vão ficar histórias de alegria, de segurança ao lado dos seus pais, o sentimento de aconchego da infância (no qual, hoje, eu mesma, baseada na minha história, me apego tantas vezes para simplesmente...continuar...). Se não ficarem lembranças completas, os imprints neles (significado aqui) já me satisfazem.    

Se meus filhos são minha herança para o mundo, que neles eu deixe memórias alegres, que remetam ao amor, união e paz. E todo esforço que eu tenha que fazer para isso nunca será demais.





Nenhum comentário:

Postar um comentário